Meu filho não fala! É preguiça?

Boa noite, queridos leitores!

Seu filho/filha não fala, fala pouco ou apresenta muitas trocas na fala?
1. Você já ouviu de algum vizinho, médico, enfermeiro, dentista, fonoaudiólogo (pois é!), ou qualquer outra pessoa, que seu filho não fala por é preguiçoso?
2. Já ouviu de alguém que deve esperar seu filho completar 4 anos, pois nessa idade irá falar?
3. Já disseram que quando entrasse na escolinha iria falar?

Se respondeu SIM para alguma dessas perguntas, esse artigo é para você!

Existe criança preguiçosa para falar?

NÃO! Nenhuma criança nasce com preguiça de falar, muito pelo contrário. Nós, seres humanos, sentimos muita necessidade em nos comunicar. 

Então por que meu filho não fala?

Existem inúmeros fatores que podem estar contribuindo para isso:

1º - se comunica por gestos: aponta e alguém alcança, não necessitando verbalizar o que quer.

2º - prematuridade: é possível que crianças prematuras se desenvolvam um pouco mais tardiamente, mas até os dois anos ela já está com o desenvolvimento igual a de uma criança que nasceu a termo (no tempo certo).

3º - perda auditiva: ainda que você considere que seu filho ouça bem e que ele tenha passado no teste da orelhinha, esse exame é pré-requisito em qualquer avaliação. Por isso, se você for investigar porque seu filho não fala, esse deve ser o primeiro exame a ser realizado. Vá a um otorrino e verifique se a audição está ok. Mesmo perdas muito pequenas, e até otites de repetição, podem contribuir para que seu filho tenho problemas em desenvolver a linguagem.

4º - síndromes/ doenças / transtorno do espectro autista - muitas patologias podem comprometer o desenvolvimento neuropsicomotor da criança, e, consequentemente, a linguagem. Por isso, o encaminhamento para um neurologista também se faz necessário.

5º - outros: apraxia de fala na infância, frênulo curto, respiração oral, etc. Como pode perceber, existe uma infinidade de motivos que podem levar seu filho a ter problemas de fala e linguagem. Por isso, buscar um profissional adequado é de suma importância para que se realize um diagnóstico correto. O diagnóstico é o único que poderá auxiliar o fono a decidir o melhor tratamento para aquele caso. 

Devo esperar que meu filho complete 4 anos para decidir se precisa ou não de um fonoaudiólogo?

De jeito nenhum! Qualquer profissional que esteja atualizado e estude sobre desenvolvimento infantil sabe que quanto antes se inicia a intervenção, melhor e mais rápido são os resultados. A partir dos 2 anos já é possível iniciar terapia, e se a criança já possui algum laudo ao nascimento, é possível iniciar a estimulação precoce ainda nos primeiros meses de vida. Pensa comigo: se as escolar já estão iniciando a alfabetização a partir dos 5 anos, e a criança usa a fala para pensar e escrever, como ela irá aprender a escrever um som que ela não consegue pronunciar? Pois é! Por isso não esperamos para começar a terapia! 

Posso colocá-lo na escolinha, em vez de levá-lo a fono?

Crianças que são pouco estimuladas na fala, seja porque os pais trabalham o dia todo, porque ficam o dia em frente a tv ou ao tablet ou porque a criança é mais quieta e opta por não falar, podem, sim, se beneficiar da escolinha, e em pouco tempo recuperarem o tempo perdido. Mas acredite, essa é apenas uma pequena parcela. A maioria das crianças precisa de um estímulo mais focado para que consiga desenvolver a linguagem. É preferível colocar na escolinha e na fono, pois caso a dificuldade da criança vá além da simples falta de estímulo, você não estará perdendo tempo. Por isso, ponha na escolinha, mas leve na fono também!

Se tem alguma dúvida ou sugestão, só escrever que responderemos o mais breve possível!

Meu filho é autista e não fala. Devo me preocupar?

Autismo x comunicação

A primeira coisa que todos os pais de crianças dentro do espectro devem lembrar é que seus filhos encaram a comunicação de uma forma bem diferente da nossa. Por isso, é normal que algumas crianças dentro apresentem alterações na comunicação, ou mesmo, optem por não se comunicar. Por isso, lembrem-se sempre: para que haja comunicação é necessário que tanto quem fala como quem ouve tenha a intenção de se comunicar. Em alguns casos elas não possuem essa intenção, por isso demoram para falar, ou falam poucas palavras (geralmente as mais necessárias para a comunicação) , ou ainda optam por não falar. A terapia fonoaudiológica pode lhe ajudar a despertar essa intenção comunicativa e melhorar as habilidades comunicacionais. Abaixo 5 dicas preciosas para estimular seu filho a comunicar-se:

5 dicas infalíveis para melhorar a comunicação do seu filho

1. Faça-o falar!

A criança precisa entender porque precisa se comunicar. Ela precisa sentir NECESSIDADE de falar. Se toda vez que a criança apontar algo, você alcançar, ela não vai sentir essa necessidade. Por isso, sempre que seu filho apontar para algo, pergunte se é aquilo que ele deseja. Por exemplo: Você quer o iogurte de morango? Você quer água? Dê opção de escolha: quer suco de uva ou morango?

Se ele já fala algumas palavras, pode-se fazer perguntas sobre o brinquedo, a escola, os amigos. Pergunte sobre o almoço. Crie situações de comunicação em que seu filho precise falar.

2. Conte histórias

Use livros bem ilustrados, fantoches, bonecos... use a criatividade! Contar histórias permite à criança desenvolver não somente a linguagem como a lógica sequencial, ter noção de tempo, de espaço, ser criativa... São inúmeros os benefícios da leitura para o desenvolvimento da linguagem e da cognição. No Estados Unidos, a Hora do conto é feita todos os dias nas escolas, e os pais são incentivados a ler e cantar para os filhos antes de dormir. Quem nunca viu um filme em que os pais aparecem contando histórias? Pois é! 

Por isso, crie o hábito de ler e contar histórias para seu filho regularmente. Pare entre as páginas, pergunte o que ele imagina que irá acontecer... Crie novos finais, invente novos personagens! 

3. Olhe para a criança ao falar.

Sabe aquela mania de conversar enquanto está fazendo alguma outra tarefa? Gritar para que seu filho apareça no cômodo em que você está? Se você quer estimular seu filho a falar, esqueça essas atitudes. Sempre fale perto, de modo que ele possa visualizar o movimento da sua boca. Geralmente, quando utilizamos a pista auditiva e visual juntas, o ato de falar torna-se mais fácil para a criança, pois ela faz uso de duas pistas, e não somente uma.

4. Televisão, tablet e celulares não estimulam a comunicação

Eletrônicos são ótimos para desenvolver certas habilidades cognitivas, quando bem utilizados, mas não são muito eficazes quando o problema é a comunicação. Em alguns casos específicos, existem alguns aplicativos que podem, sim, auxiliar a criança, porém devem ser analisados os casos e estes nunca devem ser utilizados como único recurso, mas complementarmente. Nos últimos anos vemos um movimento contrário ao uso de eletrônicos nos primeiros 2 - 3 anos de vida. Alguns pesquisadores chegam inclusive a culpar essas modernidades pelas dificuldades de comunicação das crianças modernas.

5. Brinque com seu filho!

Ninguém questiona que o brincar desenvolve inúmeras habilidades. É no brincar que a criança desenvolve equilíbrio, motricidade ampla e fina, raciocínio lógico, memória, atenção, LINGUAGEM, etc. O brincar proporciona momentos  de troca riquíssimos. Por isso, brinque com seu filho. Pergunte o nome do brinquedo, como se brinca, a cor do brinquedo, crie histórias, monte brinquedos com blocos e faça de conta que é uma montanha, uma casa, um robô, faça seu filho usar a imaginação. Talvez o início ele não compreenda muito bem como você vê um robô, por exemplo. Mas aos poucos ele vai aprendendo a imaginar, basta você estimular. 

Se ficou com dúvidas, tem alguma pergunta ou sugestão de post, basta mandar uma mensagem!